1913 - Cinquentenário da Associação dos Arqueólogos Portugueses

sexta-feira, 11 de maio de 2007

1807-2007. Duzentos anos de destruição e salvaguarda do património histórico nacional

1807 -Partida da Família Real para o Brasil

A 17 de Novembro de 1807, pela fronteira de Segura (Beira Baixa), o território português foi invadido pelo primeiro contigente de tropas francesas comandadas pelo general Junot. Tinha, assim, início, um dos períodos mais dramáticos da história do país, com consequências ao nível da cadeia de comando – “exilando-se” a família real no Brasil -, da vivência quotidiana das populações e, inevitavelmente, da conservação da herança patrimonial nacional. As notícias então surgidas revelam um panorama desolador, com igrejas incendiadas, túmulos violados, peças de arte roubadas. À sua medida, tambéma “ajuda” inglesa contribuiu para a subversão de inúmeros valores patrimoniais e, pouco depois, a subida ao poder de uma geração anti-clerical, acompanhada pela guerra civil, determinou a extinção das casas religiosas, com a consequente re-funcionalização de mosteiros e conventos e a dispersão de incontáveis obras de arte.
Em 1863, a criação da Real Associação dos Architectos Civis e Archeologos Portuguezes surge, em certo sentido, como a resposta ao antecedente período de destruição generalizada. Uma nova (ou, melhor dizendo, renovada) consciência patrimonial surgia, que daria frutos e, ainda que ao sabor de avanços e recuos próprios da evolução específica de Portugal no último século e meio, está ainda presente na acção dos diversos agentes culturais que se dedicam à salvaguarda, valorização e intervenção no património nacional.
Evocar o ano de 1807 é, assim, evocar todo um ciclo cultural que perpassa os últimos dois séculos da História de Portugal, onde a Associação dos Arqueólogos Portugueses (AAP) teve um papel activo e renovado. Ainda hoje, a vocação patrimonial da AAP é reconhecida e, num quadro político inteiramente diferente daquele em que a instituição surgiu, onde cabe ao Estado as tarefas fundamentais de preservação e valorização da nossa herança patrimonial comum, há ainda tanto a fazer...


Alegoria da guerra: violação, assassínio e saque

Sem comentários: